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Saiba como a ampliação da faixa de isenção do IRPF muda o cálculo do imposto, quem será beneficiado e quando as novas regras entram em vigor.
A Câmara dos Deputados aprovou, em 1º de outubro de 2025, o projeto de lei que eleva a faixa de isenção do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) para R$ 5.000 mensais. A medida representa um dos maiores reajustes da tabela do IR nos últimos anos e deve beneficiar milhões de brasileiros.
Caso o Senado confirme a aprovação e o presidente sancione o texto, a nova tabela começará a valer a partir do ano-calendário de 2026, impactando diretamente os salários recebidos a partir desse período.
Neste artigo, você vai entender o que muda com a nova isenção, como calcular o IR nas novas faixas, quando as regras passam a valer e quais são os efeitos para trabalhadores e contribuintes de renda mais alta.
Quer entender como calcular o Imposto de Renda com a nova faixa de isenção de R$ 5 mil em 2026?
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O que muda com a nova faixa de isenção?
Até então, a faixa de isenção efetiva do IRPF estava em torno de R$ 3 mil mensais, já considerando deduções simplificadas. Isso fazia com que trabalhadores que ganhavam pouco mais de dois salários mínimos ainda tivessem imposto retido na fonte.
Com a nova proposta (PL 1087/2025), o limite sobe para R$ 5 mil por mês, uma mudança significativa no bolso de quem vive de salário.
Veja como fica a nova estrutura:
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Até R$ 5.000/mês – isenção total.
Quem recebe até esse valor não pagará nenhum imposto de renda. -
De R$ 5.000,01 a R$ 7.350/mês – desconto parcial e gradativo.
Nessa faixa, o contribuinte paga uma parte reduzida do IR, de forma proporcional à renda. Quanto mais próximo de R$ 5 mil, menor o imposto. -
Acima de R$ 7.350/mês – tributação normal.
Para rendas superiores, continuam valendo as mesmas alíquotas progressivas (de 7,5% a 27,5%).
Com isso, a isenção passa a alcançar cerca de 65% dos contribuintes, e o número de brasileiros completamente livres do IR pode chegar a 10 milhões de pessoas.
Quem paga mais e quem paga menos
A medida beneficia principalmente trabalhadores de baixa e média renda, enquanto mantém inalteradas as alíquotas para rendas mais altas.
Para compensar a perda de arrecadação, o governo incluiu no projeto um imposto mínimo de 10% sobre rendimentos de pessoas físicas com ganhos acima de R$ 50 mil por mês — os chamados “super-ricos”. Essa tributação atinge cerca de 0,13% dos contribuintes e busca equilibrar a carga fiscal de forma mais justa.
Além disso, está prevista a tributação de dividendos a partir de 2026, com alíquota de 10% na fonte sobre valores superiores a R$ 50 mil mensais por empresa.Quando a nova regra começa a valer
Apesar da aprovação na Câmara, a mudança ainda não está em vigor. O texto precisa passar pelo Senado e ser sancionado pelo Presidente da República.
Se o cronograma for mantido, as novas faixas entram em vigor a partir de 2026, com efeitos na declaração de 2027.
De acordo com o princípio da anterioridade tributária, alterações no IR só produzem efeito no ano seguinte à sanção. Ou seja: se o projeto for aprovado ainda em 2025, a nova tabela valerá em 2026; se for sancionado apenas em 2026, as mudanças passam a valer em 2027.
Como calcular o Imposto de Renda com a nova isenção
Com a nova tabela, o cálculo do IRPF ficará mais simples. O passo a passo será o seguinte:
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Calcule sua renda tributável mensal:
Some salários, proventos e rendimentos tributáveis, subtraindo INSS e outras deduções permitidas (como dependentes ou pensão). -
Identifique sua faixa de renda:
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Até R$ 5.000 → isento
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Entre R$ 5.000 e R$ 7.350 → desconto escalonado
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Acima de R$ 7.350 → tabela normal
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Aplique a tabela progressiva:
Para quem está na faixa de desconto parcial, o abatimento será aplicado automaticamente pela Receita Federal, reduzindo proporcionalmente o imposto conforme o valor do salário. -
Considere deduções e ajustes anuais:
Continuam válidas as deduções de saúde, educação, dependentes e previdência. O desconto simplificado também será reajustado para R$ 17.640.
Na prática, os empregadores farão a retenção já ajustada nos holerites, e o programa da Receita Federal aplicará as novas regras automaticamente na declaração anual.
Exemplo prático de cálculo
Para visualizar o impacto, veja dois casos comparativos:
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Renda de R$ 6.000/mês:
Hoje, esse contribuinte paga cerca de R$ 390 de IR por mês.
Com a nova tabela, o valor cairá pela metade, para aproximadamente R$ 195 mensais.
Isso representa uma economia de cerca de R$ 2.350 por ano. -
Renda de R$ 4.800/mês:
Atualmente, há imposto a pagar. Com a nova regra, o contribuinte fica totalmente isento, economizando quase R$ 4 mil por ano.
Esses números mostram o efeito direto da atualização da tabela sobre o poder de compra e a renda líquida mensal.
E quem tem mais de uma fonte de renda?
A isenção de R$ 5 mil vale para a soma de todos os rendimentos tributáveis. Se você tem dois empregos ou recebe de mais de uma fonte, precisa somar as rendas mensais.
Por exemplo: dois salários de R$ 4 mil resultam em R$ 8 mil mensais — valor acima do limite. Nesse caso, haverá tributação no ajuste anual.
Cada fonte pagadora aplicará a tabela individualmente, mas a consolidação dos rendimentos na declaração pode gerar imposto a pagar, caso a soma ultrapasse o teto da isenção.
A nova isenção afeta empresas?
Não. A mudança vale apenas para pessoas físicas.
Empresas continuam sujeitas ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e à CSLL, com regras próprias e alíquotas que variam conforme o regime tributário (Simples, Lucro Presumido ou Lucro Real).
A isenção de R$ 5 mil é voltada exclusivamente para trabalhadores, autônomos e aposentados — não altera impostos sobre CNPJs.
O impacto da mudança na economia
Segundo estimativas do governo, a ampliação da isenção reduzirá a carga tributária sobre as famílias e aumentará o consumo interno, já que milhões de pessoas terão mais renda disponível.
Além de aliviar o bolso da classe média, a medida busca corrigir distorções acumuladas pela defasagem da tabela, que não acompanhava a inflação há quase uma década.
Em contrapartida, a tributação mínima sobre os mais ricos e a taxação de dividendos visam equilibrar a arrecadação, mantendo as contas públicas sob controle.
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