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A Reforma Tributária vai mudar a forma de informar tributos na Nota Fiscal de Serviços Eletrônica (NFS-e) de São Paulo. A Prefeitura publicou o Manual do Web Service v3.2 com o layout XSD 2.0, que traz novos campos para adequação ao modelo CBS/IBS. Porém, por enquanto, os webservices ainda não aceitam esses campos — a própria Prefeitura orienta seguir no layout atual até liberar oficialmente a recepção da nova versão. Em outras palavras: prepare-se agora, mas só troque quando o ambiente técnico municipal estiver habilitado.
O que, de fato, muda (e o que não muda ainda)
A mudança não é só “de tela”, é de estrutura: o XML da NFS-e passa a ter novos grupos e campos ligados à CBS/IBS e o cabeçalho deve informar Versão = 2 quando a Prefeitura habilitar o uso. A integração continua por webservices síncronos e assíncronos, com rotas de envio, consulta e cancelamento, além de método de teste de lote, que serve para validar a adaptação antes de produzir notas. Certificado ICP-Brasil (A1/A3/A4) e assinatura digital seguem obrigatórios. Tudo isso já está descrito no manual técnico da Prefeitura de SP.
No âmbito federal, a LC 214/2025 instituiu CBS, IBS e Imposto Seletivo, dando as regras gerais do novo sistema. A base constitucional é a EC 132/2023, que redesenhou a tributação do consumo. Esses dois marcos amarram o cronograma de transição até 2033.
Leia também: CBS e IBS saiba como vão afetar sua empresa.
Calendário da transição (o que você deve acompanhar)
026 – Ano de calibração/teste. Passa a valer a alíquota-teste de CBS 0,9% e IBS 0,1%. O montante serve para testar sistemas e é compensável contra PIS/COFINS e outros tributos federais, com dispensa para quem cumprir as obrigações acessórias da fase-piloto. É a sua chance de ajustar ERP, relatórios e conciliações sem impacto relevante de caixa.
2027–2028. Início da CBS “pra valer” e extinção do PIS/COFINS; ajustes normativos continuam, inclusive com Imposto Seletivo.
2029–2032. IBS ganha peso de forma gradual, enquanto ISS/ICMS perdem peso, até a substituição plena. Planeje preço e contratos prevendo essa “gangorra” de percentuais.
2033. Novo modelo integral no consumo: IBS + CBS.
Em SP, o uso do XSD 2.0 na NFS-e só começa quando a Prefeitura habilitar oficialmente os webservices. Até lá, emita no layout atual e prepare o seu sistema para virar a chave sem trauma.
Como vai funcionar na prática (passo a passo)
1) Parametrize seu ERP antes da virada.
Comece mapeando serviços, NBS/NCM (quando aplicável), naturezas e regras internas. Configure o ERP para guardar paralelamente as informações que o XSD 2.0 exigirá (classificações e indicadores). Assim, quando a Prefeitura liberar, você só altera o “modo de envio” e o cabeçalho de versão — sem maratona de última hora.
2) Ajuste integrações e valide com o “Teste de Lote”.
Combine com o fornecedor do sistema (ou com sua TI) o uso do webservice de teste de envio de lote. Ele valida estrutura, assinatura e consistência sem gerar NFS-e de verdade. Erro encontrado aqui custa centavos; em produção, vira atraso de faturamento e estresse contratual.
3) Garanta certificado e assinatura em dia.
Verifique validade do certificado ICP-Brasil e o arranjo de assinatura digital do XML. Falhas aqui derrubam o lote inteiro. Inclua isso no seu check de rotina — é governança básica para não travar o financeiro
4) Use 2026 como “ano-escola”.
Com 0,9%/0,1% e compensação federal, 2026 é perfeito para rodar simulações de preço, margem e caixa com os novos tributos e ajustar contratos com clientes de ciclo longo (SLA, reajuste, repasse). Faça pilotos controlados, compare relatórios e documente lições aprendidas.
5) Treine o time e deixe um plano B.
Oriente faturamento e fiscal sobre novos campos, rotas de consulta/cancelamento e leitura de protocolos. Tenha um roteiro de contingência (por exemplo: cair da rota síncrona para o lote assíncrono) para não parar a emissão.
Exemplos rápidos (para visualizar)
Exemplo A — Serviço em 2026 (fase-teste).
Você presta um serviço de R$ 10.000. Para fins de prova, sua apuração exibe CBS 0,9% (R$ 90) e IBS 0,1% (R$ 10). Esse valor é compensável conforme regras federais. Na NFS-e de SP, até a habilitação municipal, você continua no layout atual; quando sair a liberação, o XML passará a Versão = 2 e trará os novos campos do XSD 2.0.
Exemplo B — Transição 2029–2032.
Você tem contratos de 24–36 meses. Ao longo do período, IBS sobe e ISS/ICMS caem. Se seu preço não prevê essa curva, sua margem pode “sumir” no meio do caminho. Cláusulas de revisão atreladas ao cronograma legal evitam brigas comerciais.
Erros comuns que custam caro
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Virar o layout antes da hora. Se mandar XSD 2.0 enquanto o webservice não aceita, o lote cai. Aguarde o comunicado oficial de SP.
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Tratar 2026 como “ano perdido”. É o contrário: é o ano de orquestrar sistemas, time e contratos com risco de caixa controlado.
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Ignorar assinatura/certificado. Vencimento de certificado e cadeias mal configuradas geram rejeição em massa.
FAQ — NFS-e SP na Reforma Tributária
1) Preciso mudar a NFS-e agora?
Não. O próprio Manual v3.2 informa que os XSD 2.0 já existem, mas os webservices ainda não estão habilitados para recebê-los, e recomenda seguir usando o layout atual até a liberação oficial.
2) Quando os novos campos serão obrigatórios em São Paulo?
Quando a Prefeitura habilitar os webservices para a versão 2.0. O manual antecipa que, na virada, o cabeçalho precisará trazer “Versao = 2” e que há novos tipos complexos (complemento para a versão 2.0); até lá, nada muda na prática.
3) O que devo fazer em 2026, na fase de testes (CBS/IBS)?
Usar 2026 como ano de calibração: simule CBS 0,9% e IBS 0,1% para ajustar ERP, relatórios e contratos; o valor é compensado com PIS/Cofins (e há dispensa para quem cumprir as obrigações acessórias da fase-piloto, conforme regras federais).
4) Meu ERP precisa de quais integrações?
O manual lista as interfaces síncronas e assíncronas (envio de RPS, envio de lote, consulta de NF-e, cancelamento, etc.) e destaca o Teste de Envio de Lote para validar antes de produzir. Para o empresário, isso significa pedir ao fornecedor que prepare e valide o fluxo completo antes da virada.
5) Quais riscos se eu não me preparar?
Rejeição de lotes, atraso de faturamento e retrabalho. Além disso, é pré-requisito manter certificado ICP-Brasil válido e assinatura digital conforme o padrão do manual — pontos que derrubam operações quando negligenciados.
Sobre a CLM Controller (e por que falar com a gente agora)
A CLM Controller é uma contabilidade com mais de 40 anos de atuação, focada em Outsourcing Contábil e Fiscal, BPO Financeiro, CFO as a Service, Planejamento Tributário e Conformidade para empresas do Lucro Presumido e Lucro Real — com forte presença em indústrias, importação/exportação, holdings e empresas intensivas em controle. Nossa equipe integra sistemas, processos e pessoas para que a sua transição NFS-e/CBS/IBS seja suave, auditável e sem travar o faturamento.
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