NFS-e em SP: quando muda e o que sua empresa precisa fazer

Tempo de leitura: 9 minutos

A Reforma Tributária vai mudar a forma de informar tributos na Nota Fiscal de Serviços Eletrônica (NFS-e) de São Paulo. A Prefeitura publicou o Manual do Web Service v3.2 com o layout XSD 2.0, que traz novos campos para adequação ao modelo CBS/IBS. Porém, por enquanto, os webservices ainda não aceitam esses campos — a própria Prefeitura orienta seguir no layout atual até liberar oficialmente a recepção da nova versão. Em outras palavras: prepare-se agora, mas só troque quando o ambiente técnico municipal estiver habilitado.

 

O que, de fato, muda (e o que não muda ainda)

 

A mudança não é só “de tela”, é de estrutura: o XML da NFS-e passa a ter novos grupos e campos ligados à CBS/IBS e o cabeçalho deve informar Versão = 2 quando a Prefeitura habilitar o uso. A integração continua por webservices síncronos e assíncronos, com rotas de envio, consulta e cancelamento, além de método de teste de lote, que serve para validar a adaptação antes de produzir notas. Certificado ICP-Brasil (A1/A3/A4) e assinatura digital seguem obrigatórios. Tudo isso já está descrito no manual técnico da Prefeitura de SP.

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No âmbito federal, a LC 214/2025 instituiu CBS, IBS e Imposto Seletivo, dando as regras gerais do novo sistema. A base constitucional é a EC 132/2023, que redesenhou a tributação do consumo. Esses dois marcos amarram o cronograma de transição até 2033.

Leia também: CBS e IBS saiba como vão afetar sua empresa. 

Calendário da transição (o que você deve acompanhar)

 

026 – Ano de calibração/teste. Passa a valer a alíquota-teste de CBS 0,9% e IBS 0,1%. O montante serve para testar sistemas e é compensável contra PIS/COFINS e outros tributos federais, com dispensa para quem cumprir as obrigações acessórias da fase-piloto. É a sua chance de ajustar ERP, relatórios e conciliações sem impacto relevante de caixa.

2027–2028. Início da CBS “pra valer” e extinção do PIS/COFINS; ajustes normativos continuam, inclusive com Imposto Seletivo.

2029–2032. IBS ganha peso de forma gradual, enquanto ISS/ICMS perdem peso, até a substituição plena. Planeje preço e contratos prevendo essa “gangorra” de percentuais.

2033. Novo modelo integral no consumo: IBS + CBS.

Em SP, o uso do XSD 2.0 na NFS-e só começa quando a Prefeitura habilitar oficialmente os webservices. Até lá, emita no layout atual e prepare o seu sistema para virar a chave sem trauma.

Como vai funcionar na prática (passo a passo)

 

1) Parametrize seu ERP antes da virada.
Comece mapeando serviços, NBS/NCM (quando aplicável), naturezas e regras internas. Configure o ERP para guardar paralelamente as informações que o XSD 2.0 exigirá (classificações e indicadores). Assim, quando a Prefeitura liberar, você só altera o “modo de envio” e o cabeçalho de versão — sem maratona de última hora.

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2) Ajuste integrações e valide com o “Teste de Lote”.
Combine com o fornecedor do sistema (ou com sua TI) o uso do webservice de teste de envio de lote. Ele valida estrutura, assinatura e consistência sem gerar NFS-e de verdade. Erro encontrado aqui custa centavos; em produção, vira atraso de faturamento e estresse contratual.

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3) Garanta certificado e assinatura em dia.
Verifique validade do certificado ICP-Brasil e o arranjo de assinatura digital do XML. Falhas aqui derrubam o lote inteiro. Inclua isso no seu check de rotina — é governança básica para não travar o financeiro

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4) Use 2026 como “ano-escola”.
Com 0,9%/0,1% e compensação federal, 2026 é perfeito para rodar simulações de preço, margem e caixa com os novos tributos e ajustar contratos com clientes de ciclo longo (SLA, reajuste, repasse). Faça pilotos controlados, compare relatórios e documente lições aprendidas.

5) Treine o time e deixe um plano B.
Oriente faturamento e fiscal sobre novos campos, rotas de consulta/cancelamento e leitura de protocolos. Tenha um roteiro de contingência (por exemplo: cair da rota síncrona para o lote assíncrono) para não parar a emissão.

Exemplos rápidos (para visualizar)

 

Exemplo A — Serviço em 2026 (fase-teste).
Você presta um serviço de R$ 10.000. Para fins de prova, sua apuração exibe CBS 0,9% (R$ 90) e IBS 0,1% (R$ 10). Esse valor é compensável conforme regras federais. Na NFS-e de SP, até a habilitação municipal, você continua no layout atual; quando sair a liberação, o XML passará a Versão = 2 e trará os novos campos do XSD 2.0.

Exemplo B — Transição 2029–2032.
Você tem contratos de 24–36 meses. Ao longo do período, IBS sobe e ISS/ICMS caem. Se seu preço não prevê essa curva, sua margem pode “sumir” no meio do caminho. Cláusulas de revisão atreladas ao cronograma legal evitam brigas comerciais.

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Erros comuns que custam caro

 

  • Virar o layout antes da hora. Se mandar XSD 2.0 enquanto o webservice não aceita, o lote cai. Aguarde o comunicado oficial de SP.

  • Tratar 2026 como “ano perdido”. É o contrário: é o ano de orquestrar sistemas, time e contratos com risco de caixa controlado.

  • Ignorar assinatura/certificado. Vencimento de certificado e cadeias mal configuradas geram rejeição em massa.

 

FAQ — NFS-e SP na Reforma Tributária

 

1) Preciso mudar a NFS-e agora?
Não. O próprio Manual v3.2 informa que os XSD 2.0 já existem, mas os webservices ainda não estão habilitados para recebê-los, e recomenda seguir usando o layout atual até a liberação oficial.

2) Quando os novos campos serão obrigatórios em São Paulo?
Quando a Prefeitura habilitar os webservices para a versão 2.0. O manual antecipa que, na virada, o cabeçalho precisará trazer “Versao = 2” e que há novos tipos complexos (complemento para a versão 2.0); até lá, nada muda na prática.

3) O que devo fazer em 2026, na fase de testes (CBS/IBS)?
Usar 2026 como ano de calibração: simule CBS 0,9% e IBS 0,1% para ajustar ERP, relatórios e contratos; o valor é compensado com PIS/Cofins (e há dispensa para quem cumprir as obrigações acessórias da fase-piloto, conforme regras federais).

4) Meu ERP precisa de quais integrações?
O manual lista as interfaces síncronas e assíncronas (envio de RPS, envio de lote, consulta de NF-e, cancelamento, etc.) e destaca o Teste de Envio de Lote para validar antes de produzir. Para o empresário, isso significa pedir ao fornecedor que prepare e valide o fluxo completo antes da virada.

5) Quais riscos se eu não me preparar?
Rejeição de lotes, atraso de faturamento e retrabalho. Além disso, é pré-requisito manter certificado ICP-Brasil válido e assinatura digital conforme o padrão do manual — pontos que derrubam operações quando negligenciados.

 

Sobre a CLM Controller (e por que falar com a gente agora)

 

A CLM Controller é uma contabilidade com mais de 40 anos de atuação, focada em Outsourcing Contábil e Fiscal, BPO Financeiro, CFO as a Service, Planejamento Tributário e Conformidade para empresas do Lucro Presumido e Lucro Real — com forte presença em indústrias, importação/exportação, holdings e empresas intensivas em controle. Nossa equipe integra sistemas, processos e pessoas para que a sua transição NFS-e/CBS/IBS seja suave, auditável e sem travar o faturamento.

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